Inicio esta publicação com a parte final do dia: 9 cocos dos meninos de Porto Alegre. Na verdade devo-os ao Carlitos o simpático "guarda" da Praia Piscina que no regresso a casa chamou os meninos de Porto Alegre para irem à boleia connosco para suas casas.
Comecemos então pelo inicio da viagem que nos levou ao Sul de São Tomé, atravessando as inúmeras pontes que servem este país. Estas pontes existem não só para permitir atravessar o rio, mas para muito mais funções para o povo sãotomense: é junto a estas pontes que descem as mulheres e as crianças para lavar bacias de roupa; é junto a estas pontes que as crianças se divertem. Na verdade a natureza (mas também as pontes) são também os parques infantis das crianças, as pranchas das piscinas que conhecemos.
De caminho também parámos na Boca do Inferno, inspirada na de Cascais, mas esta tem uma história que inspirava o povo no tempo do Barão de Agua Izé, dono de uma das maiores Roças de STP: o Barão deslocava-se a este local e como por magia entrava numa gruta que o transportava imediatamente para Lisboa...esta história era alimentada pelo Barão...vai-se lá saber por onde andaria o Barão...Aqui junto ao miradouro mais uma vez água, mas esta de coco, que o sol já queimava e convidada a uma bebida fresca. Em STP estão por todo o lado meninos a vender a agua de coco, catana na mão e sai uma agua de coco: 25.000 dobras (moeda local, o que perfaz uma loucura de 20 cêntimos).
Julgo na minha vida toda nunca ter visto tanta criança como em São Tomé, atrás de 1 estão mais 20 e na estrada acenam, sorriem, como se a passagem de um carro fosse em si uma grande festa. Se as crianças são puras em STP são ainda mais puras (se isso existir). A primeira praia a que fomos foi a de Micondó, mas o acesso à praia também se faz a pé acompanhando um pequeno riacho, onde as naturais mais uma vez lavam a roupa (as naturais por que aqui os homens não fazem nada, amanhã verei se é por ser Domingo...). Foi neste percurso que não resisti a meter conversa com as mulheres e as crianças. Qualquer ocidental ficará chocado com a foto da criança com as moscas, mas a verdade é que para estas mulheres e estas crianças é tão natural que não podia ser de outra maneira: enquanto a mãe lavava a roupa no rio esta bebé comia sozinha um prato cheio de massa. Perguntei se iam à escola, que sim que iam à Escola de Angolares e que alguns faziam o 9º e outros o 12º ano, e quando me pediram um "doxi" entreguei-lhes os lápis que a minha mãe me tinha dado para levar (os lápis farão melhor aos dentes daquelas crianças). Claro que estas crianças nos acompanharam até à praia e não saíram de perto de nós, a Laura (e eu, embora reconheça que seja um bocado grandinha) não resistiu ao baloiço improvisado de uma palmeira caída no meio da baía da praia de Micondó. Por outro lado a maior sensação da praia foi certamente a Sara, que com os seus cabelos loiros espanta e admira os naturais, em baixo estão 2 fotos que relatam o que conto: meninos a assistir de bancada à menina de cabelos louros (mas o pai está sempre de olho):).
Por fim, o Carlitos, o senhor que se intitulava guia e tomador de conta da Praia Piscina. Esta praia paradisíaca fica para além de Porto Alegre, vila onde acaba a estrada e começam os pedregulhos. Quem sabe dos meus episódios com o meu Alfa Romeo, acredite que eu aqui ficava sem os 4 pneus em menos de 1 minuto. O acesso a esta praia também se faz por mar, é linda de morrer, ladeada por coqueiros e caroceiros, areia branca e aqui vale a pena levar os óculos de mergulho...A Laura fez-me uma esfoliação, porque a minha amiga e grande massagista Silvia Carreiras não chegou a fazer, com a areia da praia branca e o Carlitos do alto do morro, desceu rapidamente a perguntar se eu me tinha magoado, se estava a doer...que não, respondi-lhe que a menina estava a brincar (eu lá ía explicar ao Carlitos o que era uma esfoliação!). No final do dia ou seja às 15h (porque tínhamos muitos km para o regresso e o sol se põe as 17,00h), o Carlitos pediu boleia para Ponta da Baleia e chamou os meninos da agua de coco para também nos acompanharem (eles fazem dezenas de km a pé), o que nos rendeu os 9 cocos que viram. Ah é verdade, os Pedro lá distribuiu mais alguns milhares de dobras pelo povo da boleia.
Que fantástica descriçao... adorei e bebi cada palavra... cada imagem que retrata tudo o que escreves.. Continua.. beijos
ResponderEliminarSimplesmente sem palavras....e isso...
ResponderEliminarEstou a adorar seguir a vossa viagem! Keep going :)
ResponderEliminarMas quinjeva! E cá só brin
ResponderEliminarMas quinveja! Ainda por cima,hoje começou o mau tempo em Lisboa. Aproveitem bem as férias e continua a mandar essas belas descrições.
:)
ResponderEliminarAproveita que Tb estou a aproveitar Bjs
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