Se propusermos a um grupo uma chuva de ideias sobre STP certamente a palavra Roça está no top das mais faladas, mas a Roça de quero falar ultrapassa a dimensão da Roça que conhecemos (da tv; revistas, etc). Trata-se da Roça Bombaim.
O caminho para esta Roça faz-se de São Tomé para Trindade, uma cidade muito importante na história deste país, já que era para aqui que fugia o povo, os senhores e suas famílias sempre que havia levantamento de escravos ou um ataque de corsários à capital. É uma cidade mais limpa, cuidada e organizada que a capital e tem uma igreja com uma escadaria a fazer lembrar o Bom Jesus de Braga ( mas em pequeno).
Passando Trindade, chega-se ao cruzamento e vira-se para a esquerda. Depois é andar, andar, andar e começamos a entrar no Vale Encantado. Não sei se viram este filme do Vale Encantado da era jurássica, que tratava a Busca do Vale Encantado por um pequeno grupo de dinossauros. Conduzir o nosso jipe até chegar à Roça transportou-nos para o filme em que a vegetação cobre a estrada e é tudo em tamanho XL num caminho com paisagens de cortar a respiração e com o pensamento de que um tiranossauro rex se atire a estrada! Segundo li, a Roça fica mesmo à entrada do Parque Natural do Ôbô, uma reserva natural onde ainda existem espécies por classificar e que possivelmente só existem neste lado do mundo.
Agora a Roça Bombaim, fica mesmo no Vale, o tal que é Encantado a cerca de 500 m de altitude.
Reza a história que foi um deportado da Índia portuguesa que aqui decidiu fazer a Roça e que foi necessário muito trabalho escravo para desbastar o mato na zona onde esta se encontra. A casa da administração foi transformada em Pousada, onde se pode dormir e comer. Se porventura decidirem pernoitar falem com o Diner (edmerceita@hotmail.com) pois os dados da net estão errados (também já têm luz eléctrica).
Desta casa pode-se avistar das varandas toda a envolvente e a continuação do mato que não foi desbastado.
Foi numa destas varandas que eu pedi a um trabalhador para tirar uma foto e ele fez uma pose digna de revista a sorrir com a sua gamela de banana pão na cabeça.
Foi ainda na Pousada que o Diner nos ofereceu mangostão e nos contou que foi uma princesa indiana que trouxe o fruto para a Roça Bombaim (eu li que foi o tal indiano, mas porquê contrariar uma historia de princesas?). Aprendemos ainda que o desenho que está por fora do fruto indica quantos gomos tem cada mangostāo. Gostei do fruto e saber que em STP só existe naquela Roça e nas outras 2 envolventes ainda o tornou mais apetecível ( pena é que ja esteja fora do tempo dele).
Continuando pela Roça, somos sempre tomados por uma nostalgia daquilo que não conhecemos mas que conseguimos descortinar que já foi em grande: as casas dos antigos encarregados da Roça, as máquinas e os locais onde era tratado o café.
Causou-me grande espanto saber que nesta Roça no meio do nada, a 20 km da capital (mas que parecem 40 km) havia instalação eléctrica no tempo em que ainda se cultivava em grande escala o café.
Escusado será dizer que toda a visita foi acompanhada de 3 pequenos guias, o Lucas, o Pascoalinho e a Hilária, crianças que vivem nos dias de hoje nas antigas sanzalas e que procuram quem vem de fora com um sorriso do tamanho do mundo e que gostam muito de nos dar a mão só porque sim, a felicidade deles e a nossa está ao alcance de uma mão dada, nada mais.
Saímos da Roça e regressámos à Cascata grande, aquela que fica no caminho dos dinossauros, aqui o cenário é o da selva, onde as lianas penduradas nas árvores sugerem o Tarzan e a Jane que vivem dentro de nós.
Não resistimos a um banho de cascata, esquecemos que a agua está fria e levamos com aquela queda de agua forte e feio por cima das nossas cabeças agradecendo a Deus por ter feito cenários tão lindos e nos ter proporcionado estas vivências em STP.
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