quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Transito, Transportes e BÓ-LEIA

Primeiro as regras de transito.
Existem por cá muitas escolas de condução mas temo que as regras de transito de STP difiram do resto do mundo. Julgava eu que Itália era um pais perigoso para se atravessar uma estrada, estava redondamente enganada. Circular a pé no centro da capital é todos os dias e varias vezes um desafio à sobrevivência (um dia faço um post só com este tema).

Aqui é como se todos os condutores tivessem a missão de pregar sustos aos peões, já que nas inúmeras tentativas de atravessar a estrada eles aceleram ao invés de afrouxarem. Quanto aos sinais de transito são escassos, acho que vi ate agora (e já la vão 4 dias em cidade e interior) o sentido proibido, a proibição de estacionar e proibido cortar à esquerda ou à direita. Rotundas na capital contam se pelos dedos de 1 mão e é o caos: tem prioridade quem circula mais depressa e quem no fundo é mais audaz ( acho que deve ser algum sinal de demonstração de masculinidade, já que 95% dos condutores são homens). Semáforos não há, mas não há mesmo, mesmo se houvesse julgo que seria "igual ao litro". 

Dentro dos carros também se observam outros comportamentos: ninguém usa cinto de segurança (aliás o meu nem funciona, acho que por falta de uso); as crianças saltam dentro de carros e carrinhas sem cadeirinhas; e quanto ao limite de passageiros dentro dos carros também não há, este povo desafia o Júlio Isidro a fazer novo Passeio dos Alegres pois acho que já contei mais de 25 cabeças numa carrinha de 9 lugares.

Agora os transportes
Transporte nacional de STP: esfregado, lavado e atrevo-me a dizer venerado pelos homens de São Tomé (descobri que todos eles têm esta filosofia/profissão: TER UMA MOTA, e é uma filosofia/profissão, perguntam porquê? Porque eles passam 80% das 12 h do dia sentados numa mota, à volta de uma ou várias motas, a namorar em cima das motas, a fazer compras sem desmontar da mota, a conversar com os amigos em cima das motas, a beber cervejas em cima das motas e por fim mas não menos importante a transportar toda a família numa mota ( já vi o casal e 2 filhos numa mota várias vezes). Capacete? Ninguém usa. As motas segundo o Pedro vêm praticamente todas da China, mais em concreto de Taiwain e são da marca Sandy, embora já tenha visto Hondas
A mota também tem uma função muito importante enquanto transporte público, os famosos Moto-Boys, taxis de 2 rodas que circulam dentro da cidade, mas também trazem e levam pessoas do interior para as cidades.




Outro transporte publico nacional além dos convencionais táxis que aqui são amarelos são as carrinhas amarelas de 9(?) lugares, como não existem autocarros públicos, ou melhor os que existem são pequenos e servem de transporte para as Escolas, Hotéis, o resto da população fica servido principalmente de Sandys.


Na cidade muitas pessoas têm carros particulares que são essencialmente Jipes, não há como conduzir em São Tomé sem ter um todo o terreno: as estradas estão todas esburacadas. 
A ideia que me dá é que noutros tempos estas estradas serviriam para o pouco transito que havia (anos 60), situação que agora no ano da graça de 2015 não está de todo adequado.
Há uma curiosidade que gostaria de partilhar convosco: as multifunções da buzina. A buzina de um transporte serve para cumprimentar (e acreditem aqui cumprimenta-se muito), para barafustar, para chamar, aqui em STP adora-se buzinar!
Não poderia deixar de incluir aqui também as canoas dos pescadores (acredito que também sirvam para transportar pessoas, por aqui tudo é polivalente) e também a embarcação que faz o transporte para o Príncipe, o Pedro já teve a infelicidade de se fazer transportar nela e diz que é um misto de sacrifício com comicidade (pois como é óbvio eles querem levar tudo e o comandante manda esvaziar o barco até atingir o peso de segurança).



O "nosso BÓ-LEIA"
Por fim, não poderei de mencionar outro transporte público nacional e único, e nome que escolhi para o nosso Jipe o "BÓ-LEIA". Por todo o lado que ele vai , saindo 1 km da cidade, gritam-nos "BÓ-LEIA". E nós damos (já transportámos pescadores; agricultores, estudantes, vendedores, gente que faz Km e Km por dia a andar a pé), as meninas estranhavam no inicio, agora já dizem "pai dá BÓ-LEIA".




6 comentários:

  1. Ler sobre a vossa aventura está rapidamente a tornar-se a parte mais divertida e interessante do dia! Continua tia! Só falta estrearem-se na escrita a Sara e a Laura para saber mais do ponto de vista delas...

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    1. As primas estao imbuidas do espirito santomense leve-leve.obrigada pelo reforco. Bjos

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    1. Obrigada Sandra, nao esquecas agradecer Rudolfo por mim, de fato foi impossivel vislumbra lo a saída. Beijoes

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    1. Silvi viesses a STP e verias uma Africa onde podemos ajudar mas ninguem passa fome

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